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terça-feira, 25 de novembro de 2014

Duff McKagan fala sobre sua lista de coisas para fazer antes de morrer.


Duff e Billy durante um ensaio do Kings of Chaos.


Durante uma recente entrevista a uma estação de rádio da Africa do Sul, Duff McKagan foi perguntado se ainda resta algo na sua "lista de coisas para se fazer antes de morrer", depois de mais de 30 anos no rock and roll.

"Vou te falar oque, tocando ontem(Durante um ensaio do Kings Of Chaos), Billy Gibbons me mostrando músicas, isso está na lista." Duff respondeu. "Não acredito que estive em uma sala com Billy Gibbons... Que comecei a conhecer um pouco... Dizendo que o conheço não diminui o fato de que é o Billy Gibbons."

"Mas não sei se tenho uma lista. Ela mudou agora que eu tenho filhas. Minha lista é bem menos importante do que a lista das minhas filhas, e oque elas querem fazer, as duas são adolescentes. E isso virou prioridade em minha vida nos últimos 17 anos."

"Todas essas coisas que estamos falando - rock e tudo mais - é tudo diversão, e minha profissão."

"Quando eu tinha 18 anos, eu nunca iria imaginar que você pode viver fazendo isso. E agora eu ganho a vida fazendo isso."

"A lista... não sei, cara. Há tantas coisas para se fazer. Acho que ainda estou no meio do caminho, e eu ainda continuo tipo uma criança. Se você olhar Aerosmith, Rolling Stones, ZZ Top e Black Sabbath, todos esses caras ainda estão enchendo arenas, todos são 20 anos mais velhos que eu. Então eu continuo uma criança, e ainda me resta muitas coisas para fazer."


Duff também falou sobre a gravação do novo álbum do Walking Papers, a gravação já foi feita, a duas semanas atrás eles estavam escolhendo quais músicas iriam para o álbum.

Lembrando que o Kings Of Chaos tem 3 shows marcados na África do sul, nos dias 29 e 30 de novembro, e também no dia 3 de dezembro.



Confira a entrevista completa:

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Duff McKagan fala sobre Walking Papers, Velvet Revolver e mais.


A Billboard conduziu uma entrevista com Duff McKagan onde ele falou sobre o futuro do Velvet Revolver e sobre o Walking Papers.

Sobre o Velvet e um novo vocalista: "Falamos sobre isso de vez em quando. Slash, Matt, Dave e eu tocamos na Africa do Sul no começo de junho... e claro nós conversamos sobre isso[...] estamos esperando a pessoa certa..." disse Duff. Além disso Duff disse que deseja tudo de melhor para o ex-vocalista Scott Weilland.

Sobre o Walking Papers Duff disse que a banda já tem mais de 20 músicas novas.

Duff ainda comentou que conhece Jeff(Vocalista/Guitarrista do Walking Papers) desde 1999 e que ele tentou entrar para o Velvet antes de Scott Weiland assumir o papel de vocalista da banda.

Você pode ver a entrevista completa neste link.




Veja as datas dos próximos shows do Walking Papers aqui. Lembrando que uma versão especial do primeiro álbum da banda está prevista para lançamento no dia 6 de agosto. Você já pode garantir o seu no iTunes.

terça-feira, 16 de abril de 2013

It'so Easy: Entrevista exclusiva com o diretor e produtor Christopher Duddy


Talvez esse nome não te remeta a nenhum filme, e talvez você nem sequer tenha ouvido falar nesse cara. Mas sem ele, talvez não teríamos visto filmes como Titanic, As bruxas de Eastwick, O Exterminador do Futuro 2, entre outros. Christopher Duddy vem trabalhando na área dos efeitos visuais e da cinematografia há quase 30 anos, e agora se arrisca como diretor pela 3ª vez, ao produzir e dirigir o documentário baseado na autobiografia de Duff Mckagan: It’so Easy
Em conversa com o Duff Mckagan Brasil, ele falou sobre a origem do projeto, sobre as ideias criativas e muito mais. 
Confira:



DMBR - Olá Sr. Duddy, como vão as coisas?


Duddy - Está tudo muito bem! Estive em Seattle
com Duff durante as duas ultimas semanas, gravando para o filme “It’so Easy and Other Lies”.

DMBR - Você trabalhou em filmes como Arquivo X, Titanic, O Exterminador do Futuro 2, entre outros. O que te fez concordar em trabalhar num documentário sobre um rockstar? De onde surgiu o primeiro contato entre Duff e você/Rainstorm Entertainment?

Duddy - Na verdade, eu fiz o contato. Conheço o Duff a cerca de 6 anos, e fomos vizinhos. Conhecemos-nos enquanto levávamos nossas filhas para a escola quando eu me mudei para o bairro, e nos tornamos amigos. 

Quando seu livro saiu, eu obviamente o li, e fiquei impressionado com o quão inspiradora era a historia. Foi incrível o quão honesto ele foi sobre sua vida e carreira. Ele tem uma historia realmente interessante. 
Liguei para ele no dia seguinte e disse que queria fazer um documentário sobre sua vida, e ele me disse que o único modo de fazer isso rolar, seria se tivéssemos total controle criativo. E foi assim que fechamos um acordo com a Rainstorm para produzir o filme. 

arnold schwazenéggar
O diretor Christopher Duddy com Arnold Schwarzenegger, durante Terminator 2.

DMBR - Desde o fim dos anos 80, você tem feito varias funções em grandes filmes, desde efeitos visuais até produção executiva, e até mesmo atuando. Como foi passar por todas essas funções? Quando você decidiu que iria produzir e/ou dirigir filmes?

Duddy – O negocio do cinema é algo totalmente colaborativo. Existem muitas maneiras de se fazer um filme que eu queria experimentar e aprender. Creio que existem varias áreas do processo que precisam ser compreendidas para se tornar um grande cineasta. Eu quis experimentar vários tipos de trabalhos, e então quando tive a chance de dirigir, pude ter conhecimento suficiente para proceder.
 

DMBR - Seu ultimo trabalho como diretor foi em “O Clube das Lobas”, em 2007. Como é voltar a dirigir, e dessa vez um documentário, depois de 6 anos?

Duddy – Eu experimentei varios trabalhos diferentes durante o processo de um filme, e o que eu mais gostei, foi de dirigir. Adoro contar historias com todas as habilidades de set que pude aprender com os melhores cineastas de nossa época. É muito gratificante ver uma historia completa na tela, especialmente se o publico responde e se conecta da maneira como você pretendia que fosse.
 

DMBR - Esse é seu segundo trabalho produzindo um documentário, o primeiro foi “John Henry: A Steel Driving Race Horse”, estou certo? Você se sente mais maduro para esse projeto?

Duddy – Eu com certeza me sinto mais confidente com todo o processo de um documentário, do que me sentia quando fizemos John Henry. Novamente, a experiência de fazê-lo só te faz melhor no seu trabalho, pois fazer documentários é uma experiência totalmente diferente de um filme narrativo. Sou um grande fã do gênero.
 

DMBR - O que achou da biografia, It’so Easy? O Documentário será 100% focado no livro?

Duddy – O filme será baseado no livro, mas a ideia é trazer mais da historia para a superfície. Especialmente o passado de Duff em Seattle, e o quão influente ele foi na cena Punk no final dos anos 70 e começo dos anos 80, e como a cena transcendeu a indústria da musica.
 

DMBR - No mês passado, foi gravada uma apresentação no teatro The Moore, para ser usada no documentário. Como foi a apresentação? Parece que a casa lotou...

Duddy – Foi fantástico, inacreditável. Uma única apresentação totalmente lotada. Foi um show único que Duff e sua banda criaram. Queríamos fazer uma versão extendida especifica do show para o filme, então filmamos com varias câmeras. Está cheio de comentários do Duff sobre o livro, e incríveis musicas do Loaded, de um quarteto de cordas e uma guitarra de colo tocando musicas como Sweet Child o’ Mine e outros clássicos.

DMBR - Além de produzir, você também dirige o documentário. Qual a parte mais difícil disso? Existem momentos em que você preferia fazer apenas uma das duas coisas?

Duddy – Isto me traz de volta ao ponto onde a criação de um filme é um processo colaborativo, e como eu sempre digo, se você estiver entre as pessoas certas, sua tarefa será muito mais fácil. Então Duff e eu acertamos ao contratar a melhor equipe possível para fazer este filme, e então pudemos nos concentrar no processo criativo.
 

DMBR - E qual a parte mais empolgante?

Duddy – Acho que é ver todo o trabalho árduo e a preparação ganharem vida na tela. A emoção de executar uma ideia por uma câmera é indescritível. É um processo muito gratificante.
 

DMBR - No filme “O Exterminador do Futuro 2”, podemos escutar You Could be Mine, do Guns n’ Roses, durante os creditos finais. Você é um fã da banda? Quais bandas você costuma escutar?

Duddy – A musica é uma poderosa forma de expressão, especialmente em filmes. Amei escutar esta canção, ela se encaixou perfeitamente no estilo do filme. Eu sou definitivamente um Rocker, mas também aprecio todos os tipos de musica. A vida seria entediante sem musica. Filmes seriam sem-vida sem a musica.
 

DMBR - Duff e o Loaded tem uma webserie chamada The Taking, onde eles tentam resgatar o baterista Isaac Carpenter, que aparentemente foi sequestrado. Você chegou a assistir? Existe alguma ideia e/ou possibilidade, ou até mesmo vontade de trabalhar em uma obra de ficção com eles?

Duddy – Eu assisti.  Amo os caras do Loaded. Eles têm uma conexão especial entre cada um e sua musicalidade, e isto se torna aparente em suas musicas. Adoro o fato de que eles tem senso de humor sobre isso. Adoraria trabalhar numa ficção com eles, seria realmente divertido.
 

DMBR - Atualmente, ao ser lançado, o filme tem uma grande expansão e distribuição por todo o mundo. Isso acontecerá com It’so Easy?

Duddy – Sim. Devido à exposição internacional de Duff através de sua musica, o filme será distribuído por todo o mundo.
 

DMBR - O Brasil já há algum tempo está elevando a qualidade de seus filmes, e buscando estar entre a elite. Você já assistiu algum filme brasileiro?

Duddy – Assisti apenas alguns filmes do Diretor Fernando Meirelles. Ele tem um grande estilo. Podem me sugerir mais alguns para assistir?


DMBR - Qual foi sua reação ao assistir estes filmes?

Duddy – Eu senti que estava vendo um grande contador de historias, com uma visão realmente interessante.


DMBR - Bem, em 2005 você conquistou um premio no Screamfest com o filme The Cabinet of Dr. Caligari, que é na verdade um thriller. Você vê o It’so Easy como um documentário com grande potencial, e chances de concorrer a prêmios?

Duddy – Nunca tento colocar nenhuma pressão num filme para ganhar algum premio. Meu foco principal é apenas tentar contar a historia do melhor jeito possível, e fazer parecer o mais cinematográfico possível, e é algo do qual eu me orgulho. No fim do dia, se ele ganhar algum premio e elogios, então é bônus. Eu apenas espero inspirar pessoas com a mensagem deste filme, de nunca desistir, não importa quais sejam seus sonhos.
 

Duddy e o produtor de linha Lance Mercer.
DMBR - Bem, é só isso. Muito obrigado por seu tempo, e... Será que veremos este documentário ainda este ano?

Duddy – A expectativa é que seja lançado em 2014. 
Muito obrigado por todo o interesse no projeto
.É possível conferir o trailer do documentário, clicando AQUI.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Walking Papers: Entrevista para o site The Stranger

Walking Papers é uma banda de quatro peças que faz contato com o estilo Texano de Blues cheio de grandes riffs hesitantes e uma obscuridade manhosa. Jeff Angell canta e toca guitarra, Barrett Martin está na bateria, Duff Mckagan toca baixo, e Benjamin Anderson equilibra tudo nos teclados. Há algo sinistro em seu som, e as letras de Angell apresentam personagens, enquanto estorias são contadas através das canções. Tudo se move livremente, aberto a interpretações. Cenas se criam - as botas de um fugitivo marcham por um beco ao anoitecer. O homem tem um ferimento por faca, e a perda de sangue está fazendo sua visão se esvair. Ele está tentando chegar em seu único amigo na cidade.

Martin tem sido um ativo musico de Seattle através dos anos, tocando o Screaming Trees, Mad Season, Skin Yard, Tuatara, e R.E.M. Além de ser musico e produto, ele comanda seu próprio selo, chamado Sunnyata Records. Ele tem formação em antropologia, etnomusicologia, e linguísticas, além de um livro que deve sair no próximo outono americano, sobre o modo como diferentes lugares encaixam a musica em sua cultura. Ele pode ser também o cara mais legal de todos os tempos.






Sua canção "Two Tickets" tem essa hesitação no riff - uma paciência pra chegar lá. Jeff cantando, e as batidas pausadas fazem tudo parecer gigante e sinistro.

Esta canção surgiu quando Jeff e eu estávamos fazendo uma jam com o riff e a base. Você não pode toca-la rápido, pois assim não terá a mesma cara. Mas então, bem no fim, ela acelera.


Vocês me fazem lembrar do ZZ Top antigo, e seu álbum Rio Grande Mud.

Nós adoramos muito o ZZ Top! Na verdade, nós abriremos para eles num festival na França. Jeff passa bastante tempo pensando nos tons de sua guitarra, e Billy Gibbons é famoso também por seus tons. Eu ainda não ouvi o novo disco do ZZ Top, mas Jeff já, e ele estava justamente me dizendo que os tons das guitarras são incriveis.


Como o Walking Papers se juntou? Qual foi o impeto? Quem estava por trás de tudo dizendo, "Hey caras, vamos tocar"?

Eu fiz a primeira ligação. Eu estava visitando New Mexico durante o verão. Eu tive uma cirurgião no tornozelo, pois meu meu medico estava lá -quebrei meu tornozelo cerca de 20 anos atrás durante uma turnê do Screaming Trees, e finalmente tive que fazer uma cirurgia radical para concerta-lo. Então eu estava basicamente curtindo o New Mexico com o gesso em minha perna, e comecei a pensar sabe, como eu gostaria de estar numa banda novamente. Eu tinha visto Jeff tocar com o Missionary Position algumas vezes, e eu adoro essa banda. Então eu liguei para ele e disse, "não estou tentando te tirar da sua banda ou algo do tipo, mas se você quiser montar um projeto, poderíamos escrever algumas canções e nos divertirmos.

Foi uma sugestão inocente. Era pra ser originalmente uma dupla - queria escrever canções e tocar vibrafone, marimba, contrabaixo clássico, e bateria, enquanto ele fazia as outras partes. Começamos a gravar cerca de um ano atrás, e nós fizemos toda parte básica das faixas em uma semana aqui em Seattle. Mas então nos demos conta de que queríamos trazer mais gente pra tocar algo especial. Nós tínhamos trabalhado com Duff no passado, então o chamamos para fazer algo no baixo. Então Ben Anderson veio para ficar com o teclado, e pegamos nossa banda de sopro do meu grupo de Jazz, para fazer as partes de sopro, e isso meio que virou uma banda no estúdio. Eu lancei o disco pelo meu selo. Eu tenho uma distribuição ótima -está aos poucos fazendo sua fama pelo mundo-, mas isso acabou recebendo mais atenção do que esperávamos. Nós tocamos apenas alguns shows. Fizemos duas turnês -uma pequena pela Europa, e uma pequena pela costa Oeste. Após isso, foram apenas shows locais pelo lado Pacifico Noroeste.


Vocês estão construindo uma "fundação" solida. Duff é um grande criador de hits, e Mike McCready está matador em suas faixas. Vocês são uma espécie de supergrupo.

Duff e eu conversamos sobre isso. Se você está construindo uma casa, você tem que começar pela lama, construir sua estrutura, e adicionar o cimento correto. De outro modo, sua construção ficara bamba. Nós deliberadamente fizemos shows em clubes, e estamos tocando em locais de tamanho ideal, que podemos encher ou até mesmo lotar. Acho que isso aos poucos faz com que a banda seja melhor ao vivo, e isso cria uma química que viemos desenvolvendo, e construindo -química que você não consegue apenas saindo e tentando tocar em lugares gigantes, em que ninguém aparece e te faz sentir um idiota.


Onde o Walking Papers fez a gravação do álbum?
Nós gravamos no Avast, em Greenwood. Eu amo aquele estúdio, estive trabalhando nele por 20 anos. Gravamos na sala grande, onde também gravei com o Mad Season. Fiz milhões de sessões com outras pessoas lá. Fizemos a mixagem no estúdio de Jack Endino, Soundhouse. O novo disco, começamos gravando no Joshua Tree, onde Josh Homme faz sessões. Gravei lá varias vezes. Fizemos duas canções lá durante nossa tour pela Costa Oeste, e então voltamos e fizemos uma sessão no Avast, na mesma sala grande. Estamos gravando aos poucos, conforme as canções vão ficando prontas.


O que o deserto trouxe ao Walking Papers?
A ideia dessa banda me veio no deserto de New Mexico, Santa Fe. Quando você grava no deserto, quando você compõe musica que foi concebida no deserto, geralmente você tem muito espaço, e tem uma especia de qualidade para a trilha sonora. O deserto é algo sobre procurar por si mesmo, pois você está nesse espaço aberto todo exposto. Tudo o que você tem é a si mesmo e a paisagem, e o único lugar para ir, é para dentro, ou para fora rumo ao abismo. É isso que eu amo sobre o deserto. Joshua Tree foi amado por Graham Parsons, e os Stones costumavam ir lá também; é realmente um lugar incrível.



O grande Jack Endino mixou o álbum. Como ele mixa? O que ele ouve? O que você aprendeu com ele?

Bem, Jack e eu estivemos trabalhando juntos por 25 anos. Ele produziu o single de minha primeira banda de punk rock, em 1987, chamada The Thin Men. Nós éramos uma banda punk enquanto todos faziam grunge. Então Jack me convidou para tocar em algumas de suas gravações, e eu acabei me unindo ao Skin Yard, que foi minha primeira banda de rock pra valer. Jack e eu estivemos produzindo discos juntos, e eu fiz sessões onde eu tocava nas coisas que ele vinha produzindo. E nós meio que desenvolvemos esse entendimento mutuo. Ele sabe o que eu gosto de ouvir quando é uma das minhas gravações. E eu sei o que ele quer esteticamente quando se fala de produzir um disco de rock.

Agora mesmo, estamos trabalhando no próximo disco do Walking Papers, e ele está gravando desde o começo. Nós basicamente tentamos captar os melhores sons que podemos de cada musico individualmente, e seus instrumentos. Estou falando um pouco demais sobre Jack, mas eu sei que a filosofia dele é conseguir a melhor performance que você pode extrair de uma banda. Não tente mudar e influenciar as coisas de modo que a banda não faria naturalmente. Acho que é o que ele fez durante toda sua carreira, capturar a magica da banda como ela é.




Qual a parte mais difícil nas gravações do Walking Papers?
Tempo. É uma canção rápida, uma lenta, uma meio-termo, o quão meio termo? Fazemos tudo ao vivo e tentando fazer perfeitamente -tocamos no estúdio assim como tocamos ao vivo, num palco. As gravações de cada pista é sempre uma parte intensa para mim como baterista.


Então qual o truque de Endino?

Eu diria que sabedoria pra saber qual tipo de amplificador cria certos sons, que tipo de microfones usar nesses amplificadores, e a que distancia coloca-los. Ah, e a guitarra usada neles, sabia? Se você colocar uma Les Paul num Marshall contra uma Les Paul num Fender Deluxe, ou se você quer usar um microfone especifico, ou um condensador - todas essas coisas diferentes para se pensar.


Quem está produzindo o novo álbum?

Mesma coisa, é uma co-produção entre nós e Jack.


Vocês sabem quando irão lança-lo?

Estaremos falando sobre isso provavelmente para o final deste ano, ou começo do próximo. Estamos apenas no nosso ritmo, sem pressa. E o primeiro disco ainda está crescendo -foi lançado em Outubro, então fazem apenas três meses.


Vocês terão algo do Mike McCready nesse novo disco?

Sim, com certeza. E Peter Buck. Ele toca violão em algumas partes- ele tem habilidades incríveis com o violão. O primeiro disco do Tuatara tem ambos com participações.


Espere, por quê o nome Walking Papers?

Barrett: Nós estávamos tentando chegar em algum nome e vários nomes estavam sendo cogitados. E eu comecei a coloca-los em um aplicativo no meu celular. Eu estava num show do Wilco no Paramount. Nós estávamos esperando o show começar e eu comecei a colocar alguns nomes no aplicativo e me veio o nome Walking Papers. Eu mandei uma mensagem para a banda, e eles diziam: " É isso ai, este é o nome.". O termo surgiu na Segunda Guerra Mundial, quando os soldados receberam a sua liberdade eles recebiam seus "Walking Papers" e podiam ir embora. Mas então tornou-se um termo para quem é demitido. E nós estivemos pensando, já estivemos em tantas bandas onde nos demos mal e fomos chutados ou rotulados recebendo nossos "Walking Papers".


As letras de "The Butcher" e "A Place Like This" conectam uma escuridão. Algo iminente. Jeff está falando sobre um fantasma. Em "The Butcher", alguem morre e fica lá por semanas.

Jeff escreve muitas dessas coisas baseado em experiências, ou aprendizado de coisas que aconteceram com ele, ou boatos que ouviu. Acho que a vaga e nebulosa qualidade permite que o ouvinte entenda como quiser entender. Pude trabalhar com grandes contadores de histórias, Mark Lanegan, Layne Staley, e até Michael Stipe, quando eu toquei com o R.E.M. Eles são grandes poetas e cantores. Eu queria que o Walking Papers tivesse essa qualidade. E Jeff soube controlar a situação. Ficamos surpreendidos quando começamos a receber as criticas pelo álbum, e elas diziam "é como Raymond Chandler escrevendo para uma banda de rock", ou David Lynch e Tom Waits. Gosto disto.


Sejamos sinceros, a escuridão é sexy.

Todas bandas em que estivemos, foram meio obscuras. A escuridão é parte da continuidade da luz -se você for demais para um canto, você estará envolto em trevas, se for demais para o outro canto, estará numa felicidade surreal.


sábado, 22 de setembro de 2012

Duff Mckagan: Entrevista ao site FasterLouder

David Swan coloca um dos fundadores do Guns n Roses, e também baixista, Duff Mckagan em “In the Firing Line” para falar de Reality TV, conselhos financeiros e porquê o Velvet Revolver não encontra outro vocalista.

Ser membro de uma das maiores bandas de hard rock de todos os tempos te traz certas responsabilidades e expectativas. Primeiramente, para escrever um livro explosivo sobre suas experiências. Segundo, tendo uma separação com o vocalista ao ponto de estipular que ele é uma “persona non grata” ao ser citado nas entrevistas. E terceiro, estrelar um reality show vergonhoso com sua esposa. Mas Duff Mckagan sempre foi mais acima e além, e sua carreira pós Guns n Roses tem sido seu trabalho como colunista e ter formado grandiosos supergrupos enquanto lidera sua própria banda, Duff Mckagans Loaded.

Eram 4 horas de uma tarde quente na costa oeste dos Estados Unidos, e Duff estava em grande forma enquanto ele falava ao FL sobre supergrupos, o infame show no Calder Park em Melbourne – 1993, porquê ele realmente largou o Jane’s Addiction, e como ele se sente sobre o resto do mundo vendo sua esposa, a modelo Susan Holmes-Mckagan, nua. Se você estiver cansado das mesmas velhas historias sobre vicio em drogas, leia sua autobiografia, “It’so Easy (And Other Lies)”.
  
                                        

De qual banda você se sente mais orgulhoso? Guns n’ Roses, Velvet Revolver ou Loaded?
Você não citou o nome de várias bandas... Eu sou grato apenas pelo fato de que pessoas ainda vem para me ver tocar. Eu não sei se tem alguma banda em particular. Eu acho apenas que todo o “arco” me deixa de queixo caído, sério. Eu sou grato por tudo isso.



Por que “Duff Mckagan’s Loaded”? Por que não apenas “Loaded”?
Essa é uma ótima pergunta.  Eu ia usar apenas Loaded quando a banda começou. Acho que foi para distinguir o Loaded de todos os outros Loaded’s fazendo turnê por aí.


Quem vai realmente substituir Scott Weiland no Velvet Revolver?
Não tenho ideia.


Onde isso chegou neste momento?
Hmm... Acho que em lugar nenhum. Acho que as pessoas meio que cansaram de falar sobre isso, porque realmente não tem um cara, então não há nada que eu, Slash, Matt ou Dave possamos falar que mudaria o curso dessa questão. Então, não tem ninguém agora, e eu acho que com o Slash em turnê, e comigo em turnê, as pessoas com o tempo vão parando de perguntar. Talvez quando tudo se acalmar, encontremos o cara.

                       
É mais intimidante estar num supergrupo do que numa banda comum?
Todas as bandas são super. A intenção é, quando eu, Slash e Matt começamos a escrever canções tinha um boato sobre LA e na indústria da musica, de que nós estaríamos compondo, e não era chamado de supergrupo. Eram apenas três caras do Guns. Então logo que você adiciona um cara de outra banda, repentinamente vira um supergrupo... Quer dizer, quando eu penso na palavra “supergrupo”, eu sou um cara velho, então eu penso no Asia, e essa foi a primeira vez que eu ouvi essa palavra. E nós não somos como o Asia. Mas já não era intimidante tocar com Slash e Matt em 2003 e 2004 quando começamos esse lance, como era nos anos 90. Nós éramos apenas amigos. Scott... Nós já éramos amigos por algum tempo, então era só mais um camarada. De longe era tipo, “Meu Deus! Os superamigos estão se reunindo”, mas era mais como “não mesmo”, mas não dá pra argumentar contra isso.


Duas décadas depois, como você se sente sobre seu álbum solo, “Believe in Me”?
É um bom retrato de um idiota bêbado. Acho que foi um grande retrato do meu estado mental... Não acho que seja um grande disco, mas um grande retrato.

                        

Quais suas memórias (se tiver) sobre o infame show dos Gunners no Calder Park Raceway em Melbourne? O calor, publico sem água, etc.?
Eu não me lembro de ninguém ficando sem água, mas é claro que eu não teria ouvido sobre isso – não tinha internet. Eu me lembro do show, me lembro de ver um grande mar de pessoas. E a Austrália, bem, a primeira vez que viemos tocar foi em 88. Tão longe para um americano, e muito exótico sabe. Foi demais. 2000 pessoas sentadas, e tinha um cara com a Cruz da capa de Appetite For Destruction tatuada em suas costas. Quando vou à Austrália eu ainda me lembro desse cara, e meio que significou para mim o comprometimento desse país para com nossa banda. Mesmo que não seja algo justo, ou não, mas significa. Me fez pensar, “Esses caras são hardcore pra caralho.”

Então esse show, foi um show enorme. Rose Tattoo também estava nele, e eram uma banda que realmente significava muito. Eu fiquei sabendo deles quando o Guns começou. E era como um Guinness Record do maior show no hemisfério sul, algo do tipo. Foi durante o período da banda em que as coisas estavam realmente crescendo, você com 26 anos, e coisas como essa começavam a serem comuns. Você realmente não sabe como lidar.


                        
Você já considerou tocar com o Neurotic Outsiders de novo?
Já, sim. Foi provavelmente a banda mais divertida em que eu estive, apenas porque você não dá a mínima, e nós estávamos numa banda com Steve Jones (Sex Pistols), e tudo era meio que O Grande golpe do Rock n’ Roll. Nós tínhamos um grande contrato. Nós não tentamos, não estávamos tentando, e passando por todo esse lance com Jonesy (n.t: apelido de Steve Jones) que não estava nem aí, e ele é um dos meus ídolos. Estar no assento do capitão foi uma ótima experiência em minha vida.


                        
Slash recentemente disse ao Aussie Media que certa vez ele encontrou sua mãe na cama com David Bowie. Ele realmente fez isso?
Ele não estava fazendo aquilo.


Qual a melhor peça de um conselho financeiro que você tem a oferecer às pessoas lendo isso? (Duff recentemente começou uma firma de consultoria financeira, Meridian Rock, para jovens músicos.)
Enterre em seu quintal.  Não, eu tive uma coluna financeira por um ano durante a crise, em 2009, e onde fiz meu melhor trabalho em que disseminei algumas informações avançadas sobre finanças para que pessoas comuns como você e eu entendessem. Eu creio que minha coluna tenha ajudado algumas pessoas se sentirem menos assustadas para entenderem o que toda terminologia por aí significam.


Você tem vários projetos paralelos rolando. A musica não paga mais as contas como costumava?
Escrever não paga contas. Eu apenas gosto de escrever, e a Seattle Weekly me ligou cerca de quatro anos atrás, para uma coluna semanal. Eu meio que viciei nisso. Eu leio muito. E eu ganhei uma coluna na ESPN, então de repente eu estava escrevendo 2000 palavras por semana e devido a toda essa escrita eu pude escrever o livro. Eu nunca fiz nada baseado em dinheiro ou lucros. Eu apenas gosto do que faço. Então se você me ver fazendo algo, é porque gosto. Mas o Rock n Roll não paga todas as contas, claro. Vendas de discos podem pagar algumas, mas hoje em dia ninguém realmente está fazendo fortuna vendendo discos. Talvez o Linkin Park ou o Pearl Jam.


Por que você realmente deixou o Jane’s Addiction? Na época você citou “diferenças musicais”.
Na verdade eu nunca disse isso. Nunca disse “diferenças musicais”, porque não acho que tenha sido isso. Foi mais como ter feito um serviço para essa banda... por um minuto. E eu conheço esses caras há um bom tempo, e pude tocar em alguns shows com eles, e ajudar a escrever algumas canções. Eles estavam no lance deles, e era meio estranho pra mim, um cara que sempre começou suas próprias bandas, é meio difícil entrar numa com mais de 20 anos de historia e tentar se encaixar. Eles realmente estavam tentando me fazer sentir ajustado, mas eu fiz o meu trabalho e sabia quando era a hora de dizer, “Tou tranquilo. Vocês estão tranquilos? Estou tranquilo.” Não foram diferenças musicais, foi apenas algo inexplicável.


Qual a parte mais embaraçosa em estar envolvido no “Married to Rock”?
A coisa toda. Mas sabe o quê? Minha esposa esteve do meu lado em um monte de merda. Ela teve a oportunidade de fazer esse programa, e eu fiquei meio que “Quanto você quer que eu apareça?”, porque eu vivo com três garotas, e isso estava sempre em evidencia em casa. Eu odeio isso. Quer dizer, eu não odeio nada... não é meu tipo. Mas eu amo minha esposa, e ela estava animada em fazer isso. Então eu não acho que tenha ficado realmente envergonhado, mas eles queriam que eu fizesse todo tipo de coisa que não era do meu tipo, tipo eu e ela numa briga falsa. Eles ficavam tipo “Comecem uma briga sobre encontrar uma casa nova”, e eu ficava “Isso é idiotice, não vou fazer isso”. Casamento já é difícil o suficiente sem encenar uma briga falsa na TV sabe? E eu não podia fingir uma briga, não podia fazer isso. Mas as garotas podiam vestir todo tipo de roupa chique e nós tínhamos os maquiadores e coisas assim que as deixaram felizes por um tempo.


Incomoda o fato de que todo mundo viu sua mulher nua?
Não! Eu a vi nua antes que pudesse conhecer!




Matéria Original: Faster/Louder

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Inked Magazine - Perguntas e Respostas com Duff Mckagan



             

Em 1984, Duff Mckagan – um simples garoto de Seattle dirigia seu velho Ford até Los Angeles, tentando escapar da infestação de drogas na cena Noroeste, onde ele cresceu tocando bateria, guitarra e um pouco de baixo em bandas como The Fastbacks e Tem Minute Warning. Uma semana depois, ainda vivendo em seu carro, ele respondeu um anuncio para baixistas, postado por um cara chamado Slash. O resto é historia. O Guns n Roses criaria um dos álbuns de estreia mais vendidos de todos os tempos. Mckagan, que acabou parando no hospital em 1994 graças à pancreatite aguda induzida pelo álcool, e por uma década de abuso de drogas, se limpou e voltou ao colégio, montou o Velvet Revolver – também com Slash, e se tornou um colunista para a Seattle Weekly e ESPN. A incrível historia de Mckagan é contada em sua autobiografia Best-seller, It’so Easy (and Other Lies).




INKED: Como você descobriu que seria introduzido no Rock n Roll Hall of Fame?
Não foi com um envelope envolto em veludo sendo entregue em minha casa com um cara de luvas e um terno. Nada disso. Eu descobri sobre o Hall of Fame por alguém que me ligou após ver isto na internet. Eu nem sei em que é baseado o processo de seleção. Não é um esporte competitivo. Não é como se você fosse um jogador de baseball com uma media vitalícia de batidas acima do .300. É sobre aqueles pequenos momentos de exaltação artística, e as pessoas aos poucos começando a ver sua banda mais e mais, esta experiência compartilhada. Mas eu sabia que deveria ir à cerimônia, pois eu estava lá quando o mesmo aconteceu com o Van Halen (apenas dois integrantes apareceram, e os fãs ficaram chateadissimos). Eu admiro o tempo e quão hardcore foram os fãs que nos apoiaram, então o mínimo que eu podia fazer, era ir à indução.

INKED: Qual foi a semelhança entre saber sobre o Hall of Fame e descobrir que vocês foram os mais vendidos com Appetite For Destruction?
Não foi um grande momento também. Estávamos em turnê, trabalhando. Estávamos vivendo em um ônibus com nossa equipe, ganhando cem pratas por semana, e não poderíamos ter ficado mais felizes. Não tinha Internet e nem celulares – pelo menos não conhecíamos ninguém que tivesse um – nem mesmo nosso tour manager. Nós descobrimos porque a gravadora nos mandou um representante local até o nosso ônibus com um bolo. E então disse, “Vocês são o numero um”. E nós ficamos tipo “Uh, wow, legal, ganhamos um bolo, bacana. Mas não sabíamos de fato o que significava. Foi o mesmo com o Rock n Roll Hall of Fame – eu realmente não sei o que significa.

INKED: Você é um autoproclamado “devorador de livros”, então qual a comparação entre estes momentos, e descobrir que o seu livro era um “New York Times Best-Seller”?
Creio que seja porque sou melhor que a maioria das pessoas por aí como escritor, e minhas estatísticas eram de fato, melhores – apenas 16 outros livros foram melhores naquela semana em particular. E eu nem sequer ganhei a droga de um bolo.

INKED: No seu livro, você fala sobre ter feito sua primeira tattoo após o GnR assinar um contrato com a gravadora. O que te levou a escolher esta ocasião?
Hoje em dia, todos tem tattoos e todos tem Sleeves(n.t: braço fechado por tattoo), mas em 1986, quando fomos contratados, eu conhecia uma ou outra pessoa que tivesse tattoos – e eles tinham em media, uma cada. Axl tinha uma. Izzy tinha uma. E eu era tipo, “Porra, elas são demais”!”. Mas uma tattoo custava cerca de 300 pratas – caro demais para mim. Naquela época, ou eu faria uma tattoo, ou pagaria o aluguel. Não dava pra fazer os dois. Então quando eu consegui o dinheiro do contrato, eu já sabia que ia fazer uma tattoo.

INKED: Sua primeira tattoo foi – naturalmente – duas armas com uma rosa. O quão breve você fez a seguinte?
Uma semana depois – mas eu não me lembro de ter feito. O lance é que, nós nos estabilizamos com aquele contrato. Eu de repente tinha 7,500 pratas na minha bota. Eu adiantei três meses de aluguel e comprei um novo par de botas de cowboy e um par de calças, e com o resto eu podia comprar bebidas para todos os meus amigos. Certa manhã eu acordei no apartamento de alguém, com meu braço direito doendo. E eu tinha minha segunda tattoo – uma adaga. Como eu tinha duas, agora eu estava em equilíbrio. Quando você tem em apenas um lado, você está meio que desequilibrado. Então você precisa ter duas. Mas então eu comecei a char que a do braço esquerdo não era grande o suficiente. Então eu fiz a terceira tattoo. Foi minha “Carpe Diem”, que meio que encaixou abaixo da minha primeira tattoo. E isto meio que me desequilibrou novamente, então eu fiz um dragão no meu braço direito, que dava a volta na adaga e continuava. E com a tattoo de dragão, eu precisava de algo nas costas. Então eu fiz uma flor japonesa com um cara que era famoso por seus chrysanthemums e lótus. Então eu parei por um tempo.

INKED: E quando foi que voltou?
Após ficar sóbrio e começar a estudar uma disciplina de artes marciais chamada “Ukidokan”, eu fiz o símbolo Ukidokan em minhas costas. EU estava pensando em fazer na região lombar, mas achei que poderia se parecer muito com um “desenho de vadia”, então eu fiz no meio das costas. Isso dói pra caralho. Foi feita pelo Mark Malone. Foi uma tattoo de apenas uma tattoo, e doeu pra caralho. Ficou demais porque os detalhes permanecem, mas cara, nas suas costas, entre as costelas, dói. E foi bem cansativa também – seis horas.

INKED: Uma das discussões do seu livro é sobre a diferença entre “dor boa” e “dor ruim”. Como você as distingue?
Quando eu era uma criança de 9,10,11 anos, eu passei por coisas em casa que eram confusas. E durante essa época, eu jogava peewee football (n.t: uma espécie de categoria mirim do football). Quando alguém do nosso time ferrava tudo, tinha uma colina próxima ao nosso campo de treinamento, onde tínhamos que subir correndo. Eu acabei me enamorando desta dor. Tirava-me de minha situação. Mesmo jovem, eu podia ver o valor da dor do condicionamento físico. Dez anos depois eu não poderia estar mais afastado desse tipo de condição, e eu comecei então a correr atrás de outros tipos de dor. Mas eu descobri que não estava tão confortável com isto. Eu passei por crises de pânico – outra forma de dor, medo – e medicava isto. Meus vícios começavam. Eu bebia muito e me drogava muito e comecei a sentir muitas dores físicas em meus rins, minha pele descascando em minhas mãos, meus pés rachados, meu nariz sangrando, e meu septo queimando junto com tudo. Então tudo parou quando meu pâncreas estourou. Essa dor foi brutal – mais do que eu possa explicar. Quando eu sai do hospital, achei que precisava voltar àquela dor de condicionamento físico. Eu sabia que essa era uma dor boa.

INKED: A dor de uma tattoo é boa ou má?
A dor de uma tattoo é uma dor boa. Para muitas pessoas, é como se fosse seu rumo. Indo para uma longa sessão, para fazer algo distorcido que ninguém vai ver. As pessoas se viciam nessa dor. Eu nunca fui viciado em dor, mas eu aprecio isso, porque cada peça – especialmente desde que fiquei sóbrio- é algo em que pensei sobre. Especialmente nas artes marciais, que para mim corre paralelo à minha sobriedade, eu respeito a dor. Não é algo que vai me subjugar, e eu meio que domino. Quando eu fiz a marca do Ukidokan foi perfeito, pois eu fui ao Mark Mahoney e ele usou apenas uma agulha – como se ele já soubesse.

INKED: Você tem sua própria banda o Loaded, e também o Velvet Revolver; Teve uma breve passagem pelo Alice in Chains e Jane’s Addiction; você tem sempre projetos paralelos. Quando você escreve, como você distingue o que serve para cada projeto?
Quando o VR está ativo, eu costumo escrever mais riffs para ele. Eu não posso articular porque riffs são diferentes para coisas diferentes, mas no VR eu não preciso me preocupar em cantar a frase. Tem uma grande diferença entre escrever com uma melodia em sua cabeça, e escrever com a letra e articulando esta letra enquanto você está tocando o riff. Para o Loaded, às vezes eu preciso simplificar o que eu toco na guitarra se eu não consigo tocar e cantar ao mesmo tempo. E é por isso que eu não toco baixo no Loaded. Existem vários caras que fazem isso muito bem, como Sting e Geddy Lee – eles podem cantar e tocar todas as partes do baixo – mas não é natural para mim. Eu acabo pensando demais e eu não gosto quando isso acontece. Eu gosto apenas de tocar e fazer parte dessa experiência, e não me preocupar com o que estou fazendo.

INKED: Você teve que passar um bom tempo pensando em sua vida para o livro. Você aprendeu algo sobre si mesmo?
Bem, com todos os autos em sua vida, você quer lembrar que teve muito o que fazer com isto. E com os baixos, você quer lembrar que não tinha muito o que fazer. E a verdade é que – E isto eu descobri enquanto escrevia – talvez eles sejam parecidos. Talvez você teve algo pra fazer nos péssimos momentos. Numa retrospectiva, eu vejo coisas que poderia ter feito diferente. E as coisas boas? Bem, talvez eu não tenha escrito cada droga de nota, e talvez eu não seja o líder que pensei que fosse, mas tudo bem. Não devo me chatear. Isso te fortalece. Você sente mais a vontade porque compreendeu isso. Eu me senti cerca de 150 kilos mais leve após todos esses devaneios saírem de mim. No meu caso, apenas parar e dizer “esta é a verdade”, tenha me fortalecido e me deixado mais confiante.

INKED: Essa “auto-exploração” do livro ajudou a suavizar todas as bagunças de seu passado?
Para alguns caras que passaram por muita merda publicamente e acabaram convivendo com o peso disso, você precisa ser legal com você para ser legal com a situação. No final do dia, eu estou de bem comigo mesmo. Eu escrevo sobre minha época no Guns e no VR é claro, e falo sobre fatos envolvendo a banda – porque estes foram os fatos que me formaram. Mas ninguém tinha uma razão para fazer o livro. Com o Axl, a primeira vez que fomos um ao encontro do outro novamente, em 2010 enquanto eu ainda estava escrevendo, foi uma surpresa que ninguém poderia sequer imaginar. A verdade do que significa, é que eu fiquei feliz que nos vimos algumas vezes durante os últimos anos. Aquela banda original acabou retardando demais os cinco originais de várias maneiras – fomos retardados na habilidade de nos comunicarmos. Algumas vezes eu preciso rir, “qual é!”. Mas também é triste porque alguns caras não podem ter um tipo de jantar vitorioso. Nós nunca tivemos esse jantar para dizermos, “Olhe a merda que fizemos”. Nós nunca fizemos isso.

INKED: Planos para uma próxima tattoo?
Minhas filhas querem que eu faça nossos cães comendo comida chinesa com hashi. “Vamos papai, faz isso!” Então essa provavelmente será a próxima. Acho que me afastei das tattoos bobinhas. Por um tempo em Seattle, parecia que todo mundo estava fazendo desenhos como um macaco montado em um cão com uma sela. Mike Squires, guitarrista do Loaded, tem um touro tipo um matador. Sabe, durante toda minha bebedeira, eu me esforcei para esquivar de ter um Mickey mouse, um Piu-Piu, ou o emblema do Super-Homem – ou qualquer uma desse tipo de fantasia como Dungeons & Dragons. Então eu não tenho certeza se quero uma dessas agora. Talvez faça um Viking segurando um lobo rosnando com uma corrente... Seria demais.

 
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