Tradução da coluna do Duff na Seattle Weekly (Reverb):
Eu me senti um pouco atrasado para o jogo no fim de 1978 quando eu timidamente comprei minha primeira cópia de Never Mind the Bollocks do Sex Pistols. Como desajeitados jovens adolescentes, muitos nós tem esta experiência onde temos que concordar com o fato de que não somos tão legais quanto as outras crianças. A compra do meu primeiro álbum punk-rock abriu meus olhos para um novo fato: eu não tenho que agir mais como cool. Os registros do punk que se seguiram e eu comprei, os shows que fui, me fizeram perceber que a celebração de ser diferente e único era o que mais me confortava.
Eu nunca tinha notado o Refused até 1999. Novamente, eu estava atrasado no jogo. Seu épico The Shape of Punk to Come foi feito em 1997. Nesta época eu tinha a desculpa de ser o novo de pai de duas jovens crianças; não tinha como eu me manter ligado sobre nova música.
Além disso, o que havia de novo no rock n’ roll lá no final dos anos ’90 que realmente valia a pena? Havia um par de bandas suecas, como o Hellacopters e o Backyard Babies; Zeke; os iniciantes Queens of the Stone Age, mas além de alguns redutos, parecia que o rock havia sido esmagado pelo pós-grunge comercial, uh... porcaria! Eu não sinto necessidade de tentar me ligar no que estava acontecendo. Parecia haver um mal estar geral na música no final dos anos 90 e início de 2000. Isto me fez sentir sortudo por ser velho suficiente para ter testemunhado o gosto do Black Flg, Killing Joke e os Germs. Eu sempre me senti assim, pelo menos.
Quis o destino, porém, que o rock não morresse (bem, o que eu deveria afirmar é que HAVIA um gigante e estremecedor álbum de rock feito no final dos anos ’90). Os suecos do Refused lançaram o épico The Shape of Punk to Come em 1997, e mesmo que esse registro não tenha passado pela minha consciência até algum tempo em 1999, é um destaque que deveria estar na lista de top 10 de todos os tempos de todo fã de rock.
Mas infelizmente, assim que notei a banda, descobri que eles haviam se separado. As notícias nas ruas eram de que eles nunca mais tocariam como um grupo. O cantor Dennis Lyxzen formou o International Noise Conspiracy, e o restante dos caras estavam longe de serem encontrados. Era isso. Eu tinha perdido a chance de ver a banda que foi tão familiar de repente pra mim como se qualquer um pudesse estar em um álbum.
Eles estavam comprometidos com sua mensagem de punk honesto e luta, e eles estavam tão comprometidos com sua mensagem que o Refused estava morto. Catorze anos podem suavizar até mesmo a mais ardente mensagem, e felizmente para muitos de nós, Refused encontrou uma maneira para voltar e tocarem juntos alguns shows neste ano, algo que a maioria pensava que nunca iria acontecer.
Eu vi que eles tocaram no Coachella [nota: festival de música nos EUA] na última primavera, mas a vida é ocupada para mim, e aqueles anteriormente mencionados “bebês” agora são crianças crescidas que estão no ginásio e no colegial. Catorze anos fazem isto também. Eu realmente não tive o tempo que eu queria para ir no Coachella.
Então era isso. Eu perdi minha chance.
Mas eu gostaria de ter outra chance – e não em algum grande festival no deserto do sudoeste de algum lugar, mas em minha cidade natal, Seattle. Na última semana eu finalmente vi o Refused, e isto era tudo o que eu esperava musicalmente e energeticamente.
Eu fui sozinho; um show do Refused não é um evento social. Não é um show de vídeo para que você possa ver no Youtube mais tarde. Eles não são uma banda que atrai um fã casual. Não. Shows como esse na verdade faz viver e respirar e ter movimento . Uma experiência e um momento no tempo. Para ser lembrado como um evento.
Não há necessidade, para mim, de se fazer algum review tosco do show. Se você estava lá, você simplesmente viu e ouviu o que eu fiz. Se você não pode participar mas conhece a banda? Sim, bem... a banda ao vivo foi melhor que nos álbuns.
O público naquela noite eram pessoas como eu. Todos nós conhecíamos cada palavra e batidas. Tocamos air-bass e air-guitar e gritamos com todo pulmão. Havia uma garota bem na minha frente que estava perdendo sua camiseta, como na era do My War – Black Flag shows. Havia uns par a minha esquerda que se olhavam como se dissessem “Você pode ACREDITAR nisto? Nós nunca pensamos que iríamos ver este dia!!”. Havia os atletas lá, os punkers e hipsters e os old-schollers como eu. Mas naquela noite, não havia distinção separando qualquer um de nós. Nós simplesmente estávamos lá naquele momento. Como um show dos Stooges ou Prince... isto foi realmente foda.
Eu cheguei em casa naquela noite, e tinha um texto da minha filha de 15 anos, Grace. Ela queria saber se estava tudo OK se ela fosse em um concerto no centro de L.A. neste fim de semana (eu estaria de volta lá até então). Havia um monte de bandas na lista, e ela perguntou se eu não compraria seu ingresso online e ela me pagaria depois (eu vou cobrir “crianças te pagando de volta” em uma outra coluna). Eu olhei online quem estaria tocando.
No topo da lista?
REFUSED!
Sim, Grace, sim... você pode realmente ir. Não. Você não tem que me pagar depois.
Originalmente publicado em 06 de setembro de 2012: http://blogs.seattleweekly.com/reverb/2012/09/duff_mckagan_refused_arent_dea.php