segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Depressão não é piada

Tradução da coluna do Duff no jornal Seattle Weekly (Reverb):

De vez em quando, a vida nos arrebenta. Alguns de nós possuem a maquilagem química que pode surgir nessas ocasiões. Alguns de nós temos uma grande rede familiar e de amigos que de algum modo nos ajuda no processo. Outros de nós, talvez não tenham nenhum desses ventos em nossas popas.

A depressão muitas vezes nos deixa isolados dos outros e nos faz correr da vida no geral. Estar sozinho com seus próprios pensamentos pode e será o lugar mais aterrorizador e perigoso para o doente da maioria dos tipos de depressão.

Alguns de nós são nascidos com esse traço. Alguns de nós passam por algo no começo OU depois na vida [ou tanto cedo COMO mais tarde] que pode de repente disparar uma espiral descendente.

Eu nunca tinha passado por uma depressão pra valer em minha infância ou até o começo de minha vida adulta. Eu tinha muitos amigos que tinham, mas eu ainda ficava ressabiado… e pensava comigo mesmo, “Sai dessa!” quando meus amigos me contavam de seus problemas com a depressão.

Mas eu TENHO sofrido ataques de pânico durante a maior parte de minha vida, e eu realmente entendo que desequilíbrios químicos e outros fatores que podem se acumular contra alguém… muito além do domínio do ‘sai dessa!”

E daí, no dia 11 de setembro de 2001, aconteceu.

O mundo parecia estar de cabeça pra baixo, e todos os fronts estavam sob ataque. De repente tudo era temerário, e meu próprio lugar nesse mundo parecia enlameado e sem proteção. Minhas filhas tinham 4 e 1 anos, e do nada, minha visão idealista de ser o pai perfeito foi agudamente obscuro por movimentos além da minha habilidade de controle. Eu afundei em um espesso e escuro estado do ser. A depressão pela primeira vez.

Ah sim. Sim. Eu entendo. A depressão É de fato, algo tangível.

E uma vez que a porta fora aberta para a depressão em meu caso, o monstro se tornou uma coisa viva em minha vida. Eu pude olhar pra ele e o examiná-lo depois, mas naquele instante inicial, eu não via uma luz no fim do túnel.
O mundo parece ficar mais assustador dia após dia. Relatórios de desemprego. Algum cuzão fazendo um filme independente zoando da crença de outra pessoa. O fracasso de nossos Republicanos e Democratas em agir de verdade no Congresso. Pessoas se ferindo e sendo mortas em lugares como o Afeganistão… e por aí vai. Mas o que eu descobri ao lutar com pensamentos e sentimentos de depressão e conversar mesmo e sair de casa – encare o dia se puder. “Hoje vai ser o melhor dia da minha vida” não é um mau lugar pra se começar. Compartilhe suas ‘coisas’ com os outros.

Não tenha medo de fazê-lo. Você pode se surpreender com o tanto de pessoas parecidas há por aí. A depressão e a ansiedade tocaram a maioria de nós em maior ou menor grau.

E alguns tipos de depressão precisam mesmo de tratamento médico.
Semana passada, houve um artigo muito corajoso escrito por um homem e divulgado na internet. Ele sofre de uma luta horrível com uma depressão séria, e decidiu escrever sobre sua jornada até agora. Eu pago pau pra esse tipo de coragem e peito.

Conforme vocês verão, Andrew Lawes passou por muita treva, e teve o presente de um novo bebê para ajudá-lo a sair dessa ‘coisa’. O Sr. Lawes ficou provavelmente embasbacado com a grande resposta que obteve de outros convalescentes. Você não está sozinho, meu amigo. Obrigado por nos deixar entrar.

De novo, ESSE espaço é um fórum para todos nós trocarmos idéia. O mundo pode parecer sombrio e fudido e grande demais, mas somos nós que iremos mudar algo, se há algo pra ser mudado.

Há uma saída para a depressão – você só tem que chegar até um lugar no qual possa examinar o monstro.


Originalmente publicado em 13 de setembro de 2012: http://blogs.seattleweekly.com/reverb/2012/09/duff_mckagan_sept_13.php

 
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