sábado, 5 de novembro de 2011

Contos de um fã de futebol em movimento





Contos de um fã de futebol em movimento 



Nesta temporada, a minha situação tem sido voar todos os domingos desde setembro. Por isso, sempre que eu podia, pegava algumas partes dos jogos da NFL (National Football League) em um ou outro aeroporto por aí abandonado por Deus.

Eu não bebo álcool. Mas isso é uma outra história. Nos aeroportos, porém, encontrar um lugar para ver um jogo requer uma corrida até um bar (em lugares com nomes como “Torchy’s”, “Connections” ou “Flight Relay”). As pessoas parecem gostar de beber quando voam, os lábios ficam um pouco mais soltos e a conversa vem com muito mais facilidade do que em qualquer outra situação não-alcoólica. Isso é legal pra mim... Eu gosto de falar com meus companheiros e ver o que está os aborrecendo.

Estes bares nos aeroportos são naturalmente lugares para onde fãs de várias equipes se refugiam. Você sabe, todos nós somos de algum lugar com nossa equipe, no meio de ‘indo pra casa’ ou ‘indo mais longe ainda de nossas cidades e nossas equipes’.

Nunca parece haver animosidade entre os fãs por aqui. Todo mundo é educado, por qualquer razão fenômeno-social que seja. Diabos, eu vi fãs do New York Jets e New England Patriots abraçados e assistindo os jogos juntos (nota para o comissário da NFL Roger Goodell e os gênios do marketing das outras 31 equipes: de repente, muitas mulheres aparecem nesses bares hoje em dia, assistindo os Patriots e Tom Brady. Mulheres que não parecem ser de qualquer lugar próximo a Boston ou o grande Nordeste, que seja).

Eu peguei muito dos jogos matinais em casa antes de ir para o aeroporto. Eu tenho o pacote da DirecTV, e eu vi aquela virada sensacional feita pelo New York Giants no final do segundo quarto, que parecia presentar o Miami Dolphins com um desâmino suficiente para tirar o vento deles. Eu vi o todo-poderoso New Orleans Saints e Drew Brees cair para o humilde St. Louis Rams.

Eu ainda estava em casa quando os jogos a tarde começaram. Pela primeira vez em minha vida, eu realmente não estava interessado o suficiente para ir ao primeiro jogo do Seahawks (algo que eu sempre fiz). Novamente, isto é assunto para uma outra coluna, outro dia. Não, eu queria ver o que Patriots e Pittsburgh Steelers estavam fazendo. Caramba, eu estava mais interessado no jogo San Francisco 49ers-Cleveland Browns!

Eu fui para o LAX (aeroporto de Los Angeles), fiz o check-in, passei pela segurança e fiz meu caminho direto até o “Red-Eyes” (ou qualquer que seja o nome do bar no terminal internacional). E lá estavam eles: o meu povo. Bebendo. Festejando. Vestindo diferentes uniformes. Havia mulheres lá para Tom Brady, sentadas com aqueles dois caras com camisetas do Steelers (sempre há “aqueles dois caras com camisetas do Steelers”). Não havia qualquer discussão amarga. Ao contrário, todos eram educados, e tipo “Hey, este jogo foi realmente muito bom pra sua equipe” e esses tipos de brincadeira.

É fantástico ver o comportamento das pessoas quando a mentalidade “mob rule” é deixada fora da equação. Faz algum sentido? Quero dizer, aqueles dois bandidos que bateram no fã do San Francisco Giants na abertura do campeonato, no estacionamento do Dodger Stadium, provavelmente seriam mansos e tranqüilos no bar do aeroporto.

'Mob rule’ diz que aquelas pessoas em grupo vão fazer e agir (as coisas costumam ser mais terríveis) diferentemente do que eles jamais fariam por conta própria. Passageiros vão ao aeroporto com os destinos mais distantes em mente para conectar-se com outros lugares e pessoas, então felizmente eles agem mais civilmente do que qualquer outro. Mas alguns fãs de esportes se destinam a ir a um estádio com o propósito de causar estragos e aumentar a rivalidade entre fãs da mesma ou entre diferentes equipes.

Eu me encontrei – porque Ben Roethlisberger foi minha aposta inicial para melhor quarterback na última semana – torcendo para o Steelers. Sim, eu disse isso, o odiável Steelers... Que mais eu tenho a dizer? Maldito Seattle Seahawks. Não nesta temporada.

Tally ho (expressão militar típico dos britânicos, algo do tipo ‘alvo avistado’). Estou saindo da Inglaterra. Próxima semana? Vou escrever sobre o drama e intriga da Liga Irlandesa de Curling. O time da cidade do meu avô, Cork, irá “jogar vassouras” (expressão do Curling) com Limerick (outra cidade irlandesa).

Eu também seria negligente em não parabenizar o St. Louis Cardinals por nos mostrar uma coragem e perseverança como aquela. As vitórias no jogo 6 e 7 da série final sobre o Texas Rangers foi algo sobre-humano.



Originalmente publicado em 02 de novembro de 2011: http://espn.go.com/espn/page2/index?id=7181425




Tradução: Leandro Rosa

 
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