sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Duff McKagan: Faculdade, Artes Marciais e VR.



Por Ryan Weils do OC Weekly

Traduzido por Nacho Belgrande


O fundador do GUNS N’ ROSES, o baixista DUFF MCKAGAN, lançou sua autobiografia essa semana, ‘Its So Easy… and Other Lies’, e está atualmente fazendo uma turnê promocional que varrerá os EUA.

Biografias de roqueiros têm surgido a todo o momento recentemente, mas poucas são tão boas quanto as de McKagan. Enquanto ele é aberto sobre seus vícios e o colapso da formação clássica do Guns N’ Roses, ele não faz uma abordagem estilo tablóide e ao invés disso fornece um cenário mais amplo, dando a mesa atenção para o começo de sua vida em Seattle e eventos mais recentes, como seu casamento de 1999, sua matrícula na faculdade de administração da Universidade de Seattle, e seu treinamento em artes marciais.

Isso tudo junto a sua emocionante ascensão nos anos 80 e sua queda causada pelas drogas nos anos 90, os detalhes do restabelecimento físico e espiritual de McKagan fazem do livro uma leitura intensa e completa. ‘It’s So Easy ‘ também mostra um McKagan grato e amigável, daqueles que parece que você conheceu sua vida toda.

OC Weekly: O press release diz que você curte ler sobre a Guerra Civil [Estadunidense] e que é um fã de William Faulkner. O que você tem lido ultimamente?

Duff McKagan: Deixa eu ver no meu Kindle [pausa]. Eu passo por fases. Eu me ligo num autor e leio tudo. Donald Ray Pollock. Você conhece esse cara? Knockemstiff – esse é um dos livros dele. Esse também é o nome de uma cidade em Ohio. Outro de seus livros, The Devil All The Time é fabuloso, naquele tipo meio Cormac McCarthy, americano, obscuro, mas talvez não tão sombrio como McCarthy. One Bullet Away [de Nathaniel Fick], você já leu esse?

Não.

Não? É bom pra caralho. Eu faço uma lista de leitura pro [jornal estadunidense] Seattle Weekly a cada três meses. Eu faço uma resenha de filme e de livros e eu recebo algumas sugestões muito boas dos leitores desse modo. Eu também li esse livro chamado Escape From Davao. Esse é um livro muito bom. Eu estou lendo um livro chamado Lamb agora, de Christopher Moore. È sobre um anjo que desce e o trabalho dele é tomar conta desse cara ao longo da vida, e esse cara é Jesus. È provavelmente o primeiro livro de comédia que eu li e o texto é muito bom. Foi sugerido a mim por um amigo que é tarado por literatura.
No começo, muito do seu uso de drogas e álcool era para apaziguar ataques de pânico. Você quer que o livro atinja pessoas passando pela mesma coisa?
Depois que eu tive minha recaída com Xanax e comecei a escrever para o Seattle Weekly eu descobri que eu conseguia transmitir minhas intenções e pensamentos melhor ao escrever. Eu estava escrevendo essas anotações que eram particulares e eu não tinha certeza pra que elas serviriam. Eu me dei conta de que ao escrever essas pequenas histórias que se um cara como eu, um cara normal, pode passar por circunstâncias extraordinárias, foda-se, qualquer um pode. Então se alguma pessoa achar algo que se conecte a vida dela em meu livro, isso seria maravilhoso.

Você ainda corre muito?

Eu corro, faço mountain biking e kickboxe. Eu faço muita coisa.

Quanto você consegue correr?
Quando eu treinei para a maratona, isso foi diferente, eu mandava onze quilômetros. Agora eu corro talvez de 5 a 8 quilômetros, mas eu incluo escadarias e flexões no meio do percurso.

Eu vi que Benny ‘The Jet’ Urquidez [lenda das artes marciais] é seu sensei. Ele fez todos aqueles filmes de karatê nos anos 70 e 80.

Sim! Ele fez alguns, certeza. Quando eu o encontrei pela primeira vez, meu mundo estava destruído e eu não conseguia me concentrar em nada. De repente eu estou nos fundos do dojo dele, e era uma academia de lutadores pra valer. Havia todas essas artes marciais. Era misterioso para mim. Como você se torna um artista marcial? Eles pareciam tão centrados e seguros de si mesmo, algumas das coisas que eu queria.

Alguém me apresentou a Benny e ele foi muito legal e calmo. Benny The Jet estava olhando pra mim, me sacando, e vendo através de mim. Ele me sacou de cara…

Parece intimidador.

E foi. Eu estava sóbrio fazia alguns meses e eu não sabia o que fazer. Eu só deixei rolar, a intimidação, tudo. Eu pensava, ‘Beleza, eu quero começar do zero. ’ Foi muito bom. Não há maneira que o livro possa descrever aquilo. Parece meio piegas, escrever sobre isso. Não há como fazê-lo exatamente. Usar palavras como ‘despertar espiritual’ seria meio burro.

Você passa por essas barreiras de dor e você começar a descobrir coisas sobre você mesmo e você começa a se sentir bem, você começa mesmo. Você se olha no espelho, literalmente se olha no espelho, olha nos seus próprios olhos e diz, “Como foi ontem, como você se comportou? ’ Foi ótimo.


Você participa de programas de 12 Passos ou você mantém sua sobriedade à sua própria maneira, com exercícios e artes marciais?


Eu faço tudo. Eu tenho amigos da comunidade dos 12 Passos e sou um membro. E a raiz de tudo isso são as artes marciais, o que é a mesma coisa que os 12 Passos, mas não tem o mesmo nome. Para mim, ter as duas coisas, eu acho que… eu preciso de tudo que conseguir [risos]. Eu as abraço juntas. Elas não estão separadas. Elas são meio que a mesma coisa pra mim.

Em seu livro, você fala vez quando seu irmão deu uma olhada em seus contracheques e achou que havia algo de errado com eles. Você acha que alguma coisa está mudando na indústria musical em termos de como ela lida com músicos e direitos autorais?

Os contratos mudaram drasticamente, com certeza. São completamente diferentes. Um disco agora gira em torno de arrebatar pessoas para uma casa noturna para verem você tocar para que role venda de camisetas. Tem essa banda esquisita aqui e tem aquela outra que vende muitos discos agora, mas não é a regra. Era a regra nas antigas, que uma banda vendesse muitos discos. Um milhão de discos era algo normal e agora um milhão de discos é algo fabuloso.
Havia muito mais excesso. Você ouvia falar de bandas gastando de 700 mil dólares ou um milhão no estúdio e hoje em dia você consegue fazer um disco excelente por 40 mil dólares. Os contratos são feitos de modo diferente agora por causa disso, se uma banda for sobreviver, eles têm que saber quando custa uma camiseta de duas cores e quanto custa a gasolina em média pelos estados dos EUA.

Como foi sair de estar no Guns N’ Roses por mais de uma década e então se ver calouro numa faculdade, aprendendo a usar o Microsoft Excel?

[Risos] Eu não tinha nada dessa ideia de superioridade. Eu acho que a faculdade faz isso por você e as artes marciais também o farão, lhe trarão de volta pro mundo real. Eu tinha um diploma de supletivo, então não tinha os históricos do ensino médio. Eu só achei que poderia ir até a Universidade de Seattle e me matricular, passar um cheque. Foi a partir dessa burrice que eu comecei a tomar patada atrás de patada. Eles me perguntaram, “Sr. McKagan, onde está seu histórico?” “Eu não sei, em algum canto.” “Bem, você tem que achá-los e nos escrever uma dissertação de aplicação.” Eu fiz tudo isso. “Bem, essa é uma história muito boa, mas as suas notas são boas o suficiente para entrar na Universidade de Seattle. O que o senhor pode fazer é ir até a faculdade comunitária, fazer várias cadeiras, tirar 10 em tudo e voltar.”

Isso te derruba na hora de qualquer posto ou posição que você acha que está. Então quando finalmente entrei na U. de Seattle com aqueles jovens muito inteligentes, era muito trabalho para mim até pensar daquele jeito. Eu só queria mesmo ir à faculdade. Foi divertido para mim ir pra faculdade como se fosse um dos melhores shows que já tivéssemos tocado. Algumas pessoas podem ler isso e dizer ‘Do que caralho ele está falando?’ Mas pra mim foi algo totalmente novo. Eu estava sedento por conhecimento, e eu estava no melhor lugar que eu conhecia para conseguir aquele conhecimento.

E como vai a procura para um novo vocalista pro Velvet Revolver?

Slash e eu tocamos junto sem Nova Iorque algumas semanas atrás e Matt Sorum estava lá. Havia um vocalista lá com o qual podemos escrever algumas músicas. Nenhum de nós de fato tentou achar alguém nos últimos anos. Nós temos estado ocupados com outras coisas. Eu acho que uma vez que rolou aquele lance com Scott [Weiland], nós pensamos que acharíamos um cara logo em seguida. Depois que alguns meses se passaram, ficou meio que ‘Ih, caralho. ’

Nós não desistimos da banda, mas você não pode forçar um vocalista numa situação. A coisa tem meio que só acontecer. Então tocar com aqueles vocalista algumas semanas atrás pareceu realmente natural. Então veremos. Eu te dou retorno sobre isso.




 
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